Além do objetivo estético, a gengivoplastia visa diminuir a margem gengival, criando contorno gengival recortado afinando a gengiva inserida, criando sulcos interdentais verticais e remodelando a papila interdentária para criar espaço para a passagem de alimentos.
Segundo Carranza (2007), a gengivectomia significa a excisão da gengiva pela remoção da parede mole da bolsa fornecendo uma visão e uma acessibilidade adequada para remoção completa do cálculo e o alisamento das raízes, criando um ambiente favorável para cicatrização da gengiva e a execução da restauração.
A primeira descrição técnica de gengivectomia foi feita por Robiscsek, em 1884, porém com uma forma técnica diferente dos moldes atuais. Goldman, na década de 1950, foi o primeiro pesquisador que se preocupou em melhorar o contorno gengival e descrevendo a técnica cirúrgica de gengivectomia e gengivoplastia da forma como é utilizada até os dias atuais.
Em virtude do desenvolvimento e aprimoramento de técnicas cirúrgicas conservadoras, buscando a preservação de estética, de gengiva inserida, bem como com o surgimento de alternativas cirúrgicas e da evolução no campo da regeneração tecidual guiada, a gengivectomia é hoje tida como uma técnica restrita, embora de grande valor quando bem indicada.
Indicações e contraindicações da gengivectomia
Para Carranza (2007), a técnica de gengivectomia pode ser realizada para:
• Eliminação de bolsas supra ósseas, independente da profundidade, se a parede da bolsa é firme e fibrosa;
• Eliminação de hiperplasias gengivais;
• Eliminação de abcessos periodontais supra ósseas.
As contraindicações segundo o mesmo autor são:
• A necessidade de cirurgia óssea ou de exame do contorno e morfologia óssea;
• Situações em que a localização do fundo da bolsa é apical em relação a linha mucogengival;
• Considerações estéticas, particularmente na região anterior da maxila.
Gengivectomia cirúrgica
Técnica:
A técnica de gengivectomia cirúrgica se inicia com a assepsia do campo, anestesia de preferência por bloqueio regional reforçada com infiltração na papila interdentária. Em seguida, inicia-se a marcação das bolsas com pinça Crane Kaplan ou sonda milimetrada. Com o uso da pinça Crane Kaplan a extremidade reta milimetrada da pinça é introduzida em direção paralela ao eixo longitudinal do dente até atingir o fundo da bolsa, para em seguida pressionar-se a extremidade dobrada da pinça que está fora da bolsa, provocando uma pequena perfuração sangrenta.
Executam-se de preferência três perfurações (mesial meio e distal) por vestibular e lingual de cada dente da área a ser operada.
Depois a incisão inicial é executada tomando-se como guia os pontos sangrantes presentes na parede externa da mucosa vestibular e lingual da bolsa utilizando os gengivótomos de kirkland n° 15 e 16 ou de Goldman Fox n° 7. Inicia-se a incisão inicial ou primária em bisel externo apical aos pontos sangrantes, no lado vestibular a partir do dente distalmente colocado da área escolhida movimentando o bisturi para mesial. O festão gengival deverá ser respeitado no contorno da incisão primária prevendo o futuro contorno esperado no pós-operatório. O mesmo deve ser feito com a incisão lingual ou palatina, seguindo a mesma orientação para o lado vestibular.
Uma vez completada a incisão inicial na superfície vestibular e lingual ou palatina dos dentes, o tecido interproximal é separado do periodonto interdental por uma segunda incisão, usando-se gengivótomo de Orban n° 1 ou Godman Fox n° 9. Esta segunda incisão é executada apoiada no plano incisional da incisão primária anteriormente feita. Com movimentos de vaivém e apoiando-se ora num lado do dente ora no lado do dente vizinho que compõem o espaço interdentário separando-se a área em duas metades, a vestibular e a lingual.
Posteriormente, com o uso de curetas e raspadores, removem-se os tecidos excisionados e de granulação presente no leito da ferida. Na sequência deverá ser realizado a raspagem e alisamento dental para eliminação completa de cálculos remanescentes dos procedimentos básicos. Utilizando os gengivótomos de kirkland n° 15/16 ou de Goldman Fox n° 9, realiza-se pequeno adelgaçamento das bordas da ferida cirúrgica, eliminando-se degraus entre as incisões e consequentemente ampliando-se o bisel da incisão primária e secundária promovendo um término cervical da margem gengival com formato delgado e mais anatômico.
Nesta fase cirúrgica removemos a gengiva em espessura para melhorar os contornos gengivais na cicatrização futura. Cortadores de cutículas comuns ou periodontais, ou tesouras cirúrgicas são também utilizados na parede vestibular da gengiva inserida remanescente formando verdadeiras concavidades anatômicas no rebordo alveolar entre os dentes (em espessura) que irá facilitar e restituir as condições anatômicas e funcionais do tecido gengival na parte central das papilas interdentais. Neste momento o formato do festão gengival em altura e espessura deverá ser semelhante aos formatos de uma gengiva normal, porque o processo cicatricial por segunda intenção respeitará este formato impresso.
Para proteger a área incisada, durante o período de reparação, a superfície da ferida é recoberta com um cimento cirúrgico durante o período de 7 a 10 dias no máximo. Já em relação à manutenção pós-operatória, após a remoção do cimento cirúrgico, os dentes devem ser cuidadosamente limpos e polidos com taça de borracha e uma pasta profilática, em baixa rotação. As superfícies radiculares são cuidadosamente revistas removendo-se qualquer irritante local.
Gengivoplastia
Técnica:
A execução da técnica da gengivoplastia será feita acentuando o bisel externo executado pela incisão inicial da gengivectomia, utilizando a parte mais larga da lâmina de bisturi de Kirkland colocada perpendicularmente à superfície exposta pela incisão e paralela ao bisel desta, executando-se através de movimentos de raspagem no sentido mesiodistal, o esfolamento da superfície gengival cruenta. Processa-se assim, através desse esfolamento final da superfície gengival, um afinamento do tecido, devolvendo-lhe a configuração anatômica próxima do normal, a qual se torna fisiológica após sua maturação. Essa mesma arquitetura gengival, afinada e esfolada com a lâmina do gengivótomo de kirkland, pode e deve ser refinada com os alicates ou cortadores de cutícula acentuando-se as concavidades entre os dentes no contorno do processo alveolar em espessura, tanto do lado vestibula como o do lingual.
A gengivectomia e gengivoplastia são tratamentos cirúrgicos de fácil execução, se as corretas indicações forem seguidas, são excelentes opções de tratamento tanto para as patologias gengivais supra ósseas (bolsas periodontais), ou seja, sem exposição de osso e para solução de problemas estéticos oriundos de determinados tipos de gengivite.
Willame Vasconcelos da Silva